quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sobre a aglutinação das empresas em relação ao seus donos ou empresas mais fortes dos grupos empresariais





      Estive analisando a vida destes dois empresários e me chamou a atenção a algo bastante peculiar: as suas empresas se personificam em suas próprias pessoas. Vejamos o caso do SBT e do Baú, todo mundo que lembra destas empresas lembrar de quem? Sílvio Santos, sobretudo o SBT. No caso desta emissora, a situação de dependência á figura pessoal do Sílvio é tão grande que muita gente se pergunta o que será dela quando ele morrer, porque as outras empresas dele tem uma autonomia  maior em relação a ele. Muita gente acha que ela poderá falir devido a essa fusão pessoa-empresa, uma vez que as filhas mesmo administrando o negócio com o pai não tem muita definição do que fariam com o SBT caso este viesse a falecer.





       O mesmo tem acontecido com o Eike Batista. Quem lembrar da EBX, também lembra do Eike da mesma forma que o SBT em relação ao Silvio Santos. Eu mesmo quando fui na feira de estágio da PUC na semana passada e vi o estande da EBX lá, não havia como não associar esta empresa ao seu dono. O mesmo desafio acredito que deva acontecer com ele no futuro, caso ele morra ou venda a empresa, pois a mesma está muito ligada a ele de forma muito comensal.
      Este fenômeno de ligar a empresa ao seu dono é antigo, embora não eu não saiba como começou isso, mas posso citar alguns exemplos. A Ford, durante muito tempo, ela foi associada ao seu dono, Henry Ford, mas felizmente ela a tornou mais forte que  a sua figura e ela prosperou e continua até hoje. Temos também o caso da Disney, que leva o nome do seu dono, Walt Disney, que também era muito associado a figura do seu dono, mas também conseguiu ser mais forte que seu criador. Temos também o caso da agência de publicidade Leo Burnnet, que faz as propagandas da FIAT e de outras empresas, também conseguiu ser forte que seu fundador homônimo e é uma das maiores agências de publicidade do mundo.
      O que faz tais empresas serem associadas aos seus donos de forma tão aglutinada? Simples, a super exposição da empresa associada seu dono na mídia e a possível boa fama que este empresário tem perante a opinião publica(imprensa). No caso do Silvio Santos, ele administra e aparece o tempo todo em sua emissora, sendo sua astro principal,  e no caso do Eike Batista, qualquer evento que a EBX vai é ele que recebe as homenagens e que também responde diretamente pela empresa em casos de encrencas e outras coisas relacionadas a mesma. Vale lembrar que tudo que é relacionado ao SBT ou a EBX, são seus donos que vão para linha de frente e não os executivos que administram estas empresas, e por conta disso que a imagem delas acabam se aglutinando as vidas pessoais destes empresários devido a esta situação. Por um lado é bom, pois mostra ao mercado a importância que estes empresários dão a sua imagem e a  de seus negócios, o que reflete na melhoria de seus serviços bem como produção de uma boa relação com seus funcionários e clientes, pois estes empresários não vão querer se sujar atoa. Por outro lado é muito ruim, pois se estes empresários morrem ou vendem estas empresas, elas acabam perdendo o rumo, já que a vida destes empresários passam a ser a alma de suas empresas, caso não preparem seus herdeiros ou administradores para manter a estrutura que construíram e a boa fama associada ao seus donos. Numa situação destas, caso o dono venha falecer ou vende-las, ele deve começar a  fazer uma campanha para afastar seu nome ao da empresa de forma que esta ganhe vida própria, para que quando este empresário morrer ou se desfizer da mesma ela sobreviva.
    


      Muitas famílias ou empresários, na grande maioria, tem preferido afastar ou associar remotamente seu nomes ao de suas empresas, para que estas tenham vida própria e se no futuro quiserem vende-las, não terem o dilema de ver o negócio correr o risco de falir devido a associação do seu dono á empresa, uma vez que vendida ou seu dono morra, ela não corra o risco de se descaracterizar ou mesmo se deteriorar com o tempo.


       Também fazem isso, pois se a empresa é campeã de problemas na justiça ou se seu dono tem uma má fama, não terem o seus nomes associados á empresa ou vice versa, visando sua auto-preservação. Um exemplo disso no que se refere a questão de má fama é com relação ao Paulo Maluf, que para quem não sabe é dono da Eucatex. Para que esta não absorva a má fama do seu dono, o mesmo nem cita que é dono da mesma. Outro exemplo, é do Bispo Macedo que devido a sua má fama e de sua igreja, tem procurado de todas as formas desassociar o grupo Record de Comunicação da sua pessoa e da IURD, onde o mesmo tem conseguido com certo sucesso esta empreitada, já que ele está conseguindo separar a Record de sua péssima imagem.Já com relação aos donos que  afastam  a sua imagem dos seus negócios, cito o caso da família Rolin, dona da Tam, que após a morte do Rolin Amaro, se afastou completamente da empresa entregando a administração da mesma a executivos. Mesmo em vida, Rolin Amaro procurava manter um certo distanciamento da empresa para justamente garantir a ela autonomia. O mesmo é o caso da Globo, onde Roberto Marinho também mantinha uma certa distância em relação as empresas das Organizações Globo, embora em relação ao jornal O Globo ele fosse mais presente escrevendo frequentemente editoriais no mesmo, mas ainda sim ele se afastou completamente do mesmo, fazendo com que este ganhasse vida própria. No caso dos seus filhos, eles administram as empresas, mas procuram manter da maneira mais remota possível a suas imagens associadas  com as da Organizações Globo.
    


       O mesmo fazia Ary Carvalho em vida ao não se associar completamente ao Grupo O Dia, onde este procurou fortalecer o nome de sua empresa. Suas filhas até associaram pouco a ela, embora sua filha,  Eliane Carvalho escrevesse artigos no jornal, mas mesmo assim se afastou logo. No caso do grupo O Dia, a marca ficou mais forte que seu dono, mas o nome do jornal se sobrepôs ao de outras mídias como o rádio. Recentemente as filhas venderam o jornal e o parque gráfico, porém tanto no jornal quanto na rádio o nome de Ary Carvalho e o do jornal na rádio continuam forte. Isso se tornou um dilema, tanto para a rádio como para o jornal, uma vez que tanto um como o outro estão seguindo caminhos diferentes. No caso da FM O Dia, o nome não mais lhe cabe, pois o jornal foi vendido e no caso do jornal, citar Ary Carvalho  e de sua fundação, acaba ficando incoerente já que a família do mesmo não é mais dona jornal. Isso acaba criando um impasse, pois a radio está associada ao jornal e se o nome não mais lhe pertence, alguma alternativa tem de ser criada para não gerar confusão, uma vez que o nome passa a pertencer ao novo dono do jornal, e diante disso, eles teriam que dar um novo nome a rádio. Este problema de principio deverá ser resolvido, uma vez que a dona da ŕadio, Gigi Carvalho quase vendeu a Fm  O Dia para Record e dessa forma seu nome seria o da Record. Como a venda fracassou, outros grupos de comunicação estão assediando Gigi para vende-la. Portanto seu nome deverá mudar em breve.
   

     

        Associar a empresa a pessoa do dono ou a uma empresa mais forte do grupo acaba por um lado não sendo uma boa, a não ser que se faça uma politica que o nome não interfira na estrutura da organização. Um exemplo disso são A JB FM, Radio Tupi e Radio Globo, onde as mesmas tem total independência em relação aos seus dono e as empresas mais fortes dos grupos de onde fazem parte. No caso da JB FM e da Tupi, ambas se tornaram tão fortes que o jornal e a TV faliram respectivamente,  e elas continuam firmes e fortes , embora mantenham o nome das empresas que eram as principais representantes dos grupos de comunicação ao qual pertencem, uma vez que elas eram fortes, mas as suas independências eram maiores que seus grupos, o que garantiram a sua sobrevivências e suas forças. No caso da radio Globo é a mesma coisa. Se as organizações Globo quebrar, ela ainda continua de pé por muitos anos assim como aconteceu com a Radio Manchete, onde todo grupo morreu e ela ainda está de pé até hoje.
     Diante disso tudo, concluo que associar pessoa ou marca forte a uma empresa nem sempre é bom, por mais que seu dono tenha uma excelente reputação ou a empresa mais forte do grupo empresarial tenha boa fama ou rentabilidade, pois se o dono morrer ou vende-la e a empresa mais forte do grupo que a representa vir a falir, todo resto vai junto, incluindo a empresa dependente. A principal lição que se pode tirar disso tudo é que a empresa tem que ter total independência mesmo que carregue o nome de seu fundador ou da empresa mais forte grupo de comunicação ao qual faz parte, para que se um dia o grupo falir ou dono vende-la ou morrer, ela continue forte.

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