quinta-feira, 13 de junho de 2013

A situação do Protestantismo nos dias de hoje

       Este texto abaixo descreve muito bem a que ponto o Protestantismo chegou nos dias atuais, onde seus objetivos iniciais foram seriamente corrompidos. Apesar desta situação o Protestantismo ainda está integro, pois as igrejas evangélicas sérias (tradicionais e pentecostais) ainda guardam a sua essência, apesar de terem feito vista grossa para bandidos e estelionatários e por conta disso, estão pagando por este erro. Por outro lado, os reformadores devem está se revirando, seja no túmulo, no céu ou aonde eles estejam. De qualquer forma este texto merece ser lido.


Confrontando a Reforma e o “Movimento Gospel”


Reformers
por Rafael de Lima
A Reforma Protestante ocorrida no século XVI foi, sem dúvidas, um dos eventos mais relevantes que já sucedera no seio da cristandade. O movimento que culminou com o rompimento da igreja, sustentava sua teologia, basicamente, através dos conhecidos “Cinco Solas”, que foram os princípios que nortearam os reformadores e combateram os ensinos do catolicismo romano: Sola Fide (somente a fé); Sola Scriptura (somente a Escritura); Solus Christus (somente Cristo); Sola Gratia (somente a graça); Soli Deo Gloria (glória somente a Deus) [1].
Quando voltamos os nossos olhos para o cenário atual do evangelicalismo brasileiro percebemos, com pesar, a ignorância que uma porção importante (diria majoritária) dos evangélicos tem com respeito aos fundamentos que caracterizaram o ser protestante. Existe um total desconhecimento ou um desconhecimento totalmente fragmentado e incoerente com respeito à doutrina e história do protestantismo. O que deveria ser do conhecimento de todos tornou-se algo limitado a alguns, não por falta de acesso da maioria, mas por desinteresse e total abnegação destes.
Se refletirmos acerca daquilo em que estão se transformando os chamados “evangélicos”, chegamos à conclusão de que toda a base do protestantismo (isto é, os Cinco Solas da Reforma) tem sido repudiada, não apenas um ou outro ponto mas todos os pontos.
Os nossos pais defendiam o “Sola Fide”, visto que é por meio do dom da fé que temos acesso a graça que nos salva. Apenas por meio da fé em Cristo e em sua obra podemos ser justificados, não por nossas obras, mas pelos méritos de Cristo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2:8 – ACF) [2].
A crença atual dos evangélicos com respeito à fé não passa de uma ferramenta que deve ser utilizada a fim de se alcançar bênçãos e desejos. Hoje, vê-se o culto à (pseudo) fé, a fé na fé, o pensamento positivo, a confissão positiva. Não importa se há arrependimento, não importa se a fé está sendo depositada em Cristo. Basta que se creia, que se tenha fé. Voltemos ao genuíno Sola Fide!
Os nossos pais defendiam o “Sola Scriptura”, pois somente ela, a Revelação Divina Escrita, deve ser a regra de fé e de procedimento para o cristão: “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça” (II Tm 3:16 – ACF).
A crença atual dos que compõe o “Movimento Gospel” com respeito às Escrituras Sagradas é tão frágil quanto uma taça de cristal, simplesmente porque pouco se interessam pelo estudo das Escrituras. Trata-se a Bíblia com um talismã, um objeto mágico. As “profetadas” e os “revelamentos” são, por vezes, mais valorizados do que o estudo sincero das Escrituras. Voltemos ao Sola Scriptura!
Os nossos pais defendiam o “Solus Christus”, pois tinha plena consciência de que a mensagem central de toda e qualquer comunidade que se pretenda cristã, deve ser a de Jesus Cristo e de sua cruz, pois por Ele e por sua obra fomos resgatadas da nossa vã maneira de viver, arrancados do império das trevas e feitos filhos de Deus: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12 – ACF).
O “Movimento Gospel” tem reputado a mensagem da Cruz a um segundo plano, ao invés disso o âmago de suas mensagens tem sido voltado para o ego e a satisfação humana (Para maiores detalhes confira: Voltando à rude cruz). Da mesma forma, as “músicas gospéis” não podem ser chamadas de louvores, não louvores a Deus e a Cristo, pois as tais não louvam a outro que não o ego humano (Para maiores detalhes confira: Todo louvor seja dado aos homens).
Os nossos pais defendiam o “Sola Gratia”, pois estavam certos de sua condição de corrupção e que se não fosse pela maravilhosa graça salvadora de Cristo, não poderiam ser salvos de seus pecados. Não há obra humana capaz de trazer reconciliação para com Deus. A obra de Jesus Cristo na cruz nos tornou propícios a Ele! “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm 3:23-24 – ACF).
O “Movimento Gospel” diminui dia a dia a depravação humana e obscurece a realidade da necessidade da graça que nos salva. Reputando ao homem a capacidade da escolha ou não da salvação, esquece-se de que se não for através do presente não merecido dado por Cristo não há obra nenhuma capaz de salvar.
Por fim, os nossos pais defendiam o “Soli Deo Gloria”, pois o temor e o tremor eram presentes em suas vidas. Sabiam que Deus reina em seu trono e nenhum outro que não Ele deve ser adorado: “Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (I Tm 1:17 – ACF).
O “Movimento Gospel” tem lutado insistentemente a fim de tirar Deus de seu trono e de em seu lugar colocar o homem. O egocentrismo tão característico do mundo pós moderno tem entrado sorrateiramente, mas pela porta da frente de muitas igrejas. As mensagens e os cânticos não se direcionam mais a adoração do único que é digno, mas tem buscado primordialmente massagear o ego humano.
Finalmente, fica-nos a reflexão dos rumos que têm seguido os evangélicos brasileiros. Que esta mensagem possa ecoar nos corações de muitos, pois é tempo de nos reformarmos, revermos nossos conceitos e militarmos pelo genuíno Evangelho. Sola Fide; Sola Scriptura; Solus Christus; Sola Gratia; Soli Deo Gloria!
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Notas:
[1] Para maiores detalhes conferir: A DECLARAÇÃO DE CAMBRIDGE. Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/credos/declaracao_cambridge.htm. Acesso em: 01/12/ 2012.
[2] A versão utilizada neste artigo é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

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